Moda | OLD is the new NEW
Há uns dias apareceu um anúncio no meu feed de facebook com a frase “old is the new new“. Lembrei-me logo das peças de roupa que as minhas avós guardam nos roupeiros há anos, especialmente os casacos de inverno, que são os mesmos desde que me lembro – a gabardina de cor verde seco da minha avó e o casaco castanho da minha mãe foram as primeiras imagens na minha cabeça. Esta publicidade deixou-me a pensar em como, por mais que escreva sobre fast fashion vs. slow fashion, a escolha mais sustentável será sempre a peça que já temos em casa. Um statement destes confere um status muito interessante a uma marca – a premissa da longa durabilidade como prova de qualidade. Esta ideia, comum nas marcas de luxo, lembra-me das peças de joalheria que passam de geração para geração, como aquelas pulseiras de ouro antigas, que pertenciam à mãe da bisavó, que nem sequer usamos, mas que guardamos para sempre.
Gosto de pensar na ideia de uma peça de roupa poder ser tão bem estimada que dure anos. Naturalmente, existem diversos aspetos que influenciam a durabilidade de uma peça: a sua própria qualidade, que a determina em grande parte, como também o uso – o desgaste, as lavagens, os engomados, o cuidado num todo. As próprias tendências levam a que, muitas vezes, uma peça nem sequer tenha oportunidade de durar por anos, porque deixa de se usar, ainda que em bom estado – e sai das nossas vidas numa daquelas arrumações aos roupeiros (que eu tanto defendo). No entanto, por mais que se arrume, existem sempre algumas roupas de que gostamos independentemente do que se usa, de que não abdicamos por nada – e essas são as que mais devemos estimar. Na minha opinião, esta “idade” de uma roupa até lhe confere algum charme e, atrevo-me a dizer, algum respeito. Faz-me mesmo lembrar de um certo cuidado, de antigamente, em estimar para durar mais tempo, em comprar de melhor qualidade em menor quantidade, o que se desvaneceu um pouco com o aparecimento de uma nova forma de consumir.
O que acharam desta publicidade? Eu achei mesmo interessante. Recorda-me, também, de que o caminho para uma moda mais sustentável começa sempre pela consciência e vontade individuais de querer comprar e estimar melhor. Tenho um separador (ali mesmo, no cantinho de cima) dedicado exclusivamente a este tema. Já espreitaram?