Viagens | Praga
Nem parece verdade, como se de um passado bem longínquo se tratasse, mas comecei este ano de 2020 numa das minhas cidades preferidas – Praga. Esta semana de chuva, em que as temperaturas desceram bastante, relembrou-me do destino onde passei por mais frio. Os dois invernos que conheci de Praga puseram os de Helsínquia ou de Nova Iorque a um canto; mas, provavelmente, porque me preparei melhor para estes dois últimos. Este tempo traz-me à memória as viagens pelas capitais europeias nesta época do ano: as temperaturas mais baixas que se fazem sentir sempre mais cedo do que em Lisboa, como se o outono no centro e no norte da Europa não se pudesse atrasar (viram o que fiz aqui? porque os povos do sul são conhecidos pela pouca pontualidade? não?), os passeios pelos centros das cidades de chocolate quente na mão (acho que passei mais vezes pelos Starbucks de Praga do que pelos de Lisboa!), os almoços aconchegantes depois de uma manhã a caminhar pelas ruas quando finalmente se pode despir o casaco por umas horas. Só consigo encontrar uma época do ano que ultrapasse o outono na Europa – a natalícia. Este ano planeio uns quantos passeios pelo Chiado para amenizar as saudades dos mercados de Natal. Bom, vamos recordar Praga? Sentem-se, preparem uma chávena de chá e fiquem desse lado – vou contar-vos tudo sobre a cidade com mais magia e encanto que conheço.
Praga: cidade de medieval, de cultura, de história, de romance. As ruas de Praga desfrutam de uma luz muito própria, que fiquei a conhecer na minha segunda viagem pela cidade – todas as fotografias deste post são dessa altura (e sem qualquer edição). Nos meus primeiros passeios por lá, a cidade recebeu-me com uma aura mais escura, mais mística, num dia com muitas nuvens, o que ainda assim não lhe tomou nem um pouco do seu encanto. O ambiente em Praga sente-se tão mágico como acolhedor – as ruas da cidade, que fazem relembrar uma outrora época medieval, conduzem às margens do rio mais charmoso que conheço. Não consigo escolher de qual das margens deste rio gosto mais – da Cidade Velha, das suas ruas magníficas, rodeadas de edifícios monumentais, com museus, galerias e teatros em cada esquina, ou da colina do Castelo, do seu ambiente histórico, com vistas deslumbrantes para a cidade. Na verdade, as próprias margens do rio podem entrar nesta dualidade. A passagem da Ponte Carlos, quer rumo à Cidade Velha quer rumo ao Castelo, revela-se verdadeiramente inspiradora – dos passeios que mais gostei de fazer.
Decidi partilhar o caminho que escolhemos nesta última viagem a Praga, no início do ano, em que fiquei a conhecer ainda melhor a cidade. Começámos o passeio pelas margens do Rio Moldava (Vltava), rumo à Cidade Velha (Staré Mesto). Lembro-me de que ainda começámos uma tour com guia, com início na Praça da Cidade Velha, com o famosíssimo Relógio Astronómico como fundo, mas rapidamente decidimos aquecer as mãos numa bebida quente do Starbucks e explorar a cidade ao nosso ritmo. Depois de um passeio pelas ruas lindíssimas de Praga, seguimos rumo à Ponte Carlos (Karlův Most) para conhecermos o outro lado do rio. A cidade torna-se ainda mais medieval assim que chegamos à colina do Castelo de Praga (Pražský Hrad), com diversos monumentos e algumas construções que nos transportam para a Idade Média. No topo da colina, encontram-se as melhores vistas para Praga – e a cidade decidiu presentear-nos com um sol de inverno verdadeiramente bonito no preciso momento em que nos deslumbrávamos com as imagens à nossa frente, o que fez com que o passeio se tornasse ainda mais especial. Lembro-me de que almoçámos num restaurante italiano com massas deliciosas, onde ficámos a conversar até anoitecer, o que acontece bastante cedo nos meses de frio.
Não tinha grandes expectativas para Praga, para ser sincera. Para esses lados da Europa, sempre guardei mais curiosidade por cidades como Viena, Berlim, Varsóvia, Cracóvia, em comparação com a capital checa. No entanto, Praga surpreendeu-me tanto, tanto, que não creio ser possível deixar-me encantar por mais alguma cidade como me deixei encantar por esta. Recordo esta última viagem por lá com especial carinho, por ser das últimas antes da pandemia se instalar na Europa e por a ter partilhado com uma amiga de quem gosto muito, a minha Joana, com quem tinha muitos destinos planeados para conhecermos juntas. Conhecem Praga? Digam-me: não é das cidades mais bonitas da nossa Europa? Será uma das primeiras a que regressarei, assim que o mundo o permitir.