CIDADES

Viagens | Edimburgo

Estes dias de chuva lembram-me de Edimburgo – uma cidade com uma mística outonal que, arrisco dizer, se deve fazer sentir em qualquer estação do ano. Se me pedissem para definir Edimburgo em poucas palavras, diria misteriosa, enigmática e um quanto charmosa. Cada canto da cidade parece esconder uma história de fantasia, mistério ou suspense, com personagens curiosas e invulgares. Edimburgo conquistou-me em minutos, como aqueles livros que nos prendem desde a primeira página. Para que se tornasse ainda mais especial, escolhemos Edimburgo para comemorar o aniversário do Bryan. Há algum tempo que queria começar a celebrar os nossos aniversários em viagem, para escaparmos à rotina e conhecermos ou revisitarmos mais um destino. Este ano finalmente conseguimos – passámos o aniversário do Bryan em Edimburgo, em finais de abril, e regressámos ao Douro no meu aniversário, em finais de julho.

Há alguns momentos – manhãs, tardes, por vezes horas, por vezes minutos – em que sinto que transbordo de felicidade, que nada haveria para me fazer ainda mais feliz do que naqueles instantes. Na nossa primeira manhã em Edimburgo senti-me assim. Ficámos hospedados a poucos passos dos Princes Street Gardens, uns extensos jardins no coração da capital, que dividem a cidade nova e a cidade velha. Entrámos pelo lado da conhecida Ross Fountain, com uma vista privilegiada para o castelo, e daí iniciámos o nosso primeiro passeio em Edimburgo. As manhãs seguintes começaram todas da mesma forma: uma caminhada pelos jardins rumo ao primeiro destino do dia. O Bryan fez anos no nosso primeiro dia em Edimburgo, por isso fomos tomar o pequeno-almoço a um dos dois famosos The Milkman em Cockburn Street, para começar o dia com o típico cappuccino quentinho. Depois do pequeno-almoço, fomos à Scottish National Gallery. Podia lá passar um dia inteiro – embora mais pequena, fez-me lembrar a National Gallery de Londres, que também adoro. Sou a única que, para além das galerias em si, também se perde na loja de souvernis? Gosto imenso de deambular pelos postais, cadernos e canetas, trazendo quase sempre um miminho para casa.

Regressámos a Cockburn Street para subirmos até à Royal Mile, uma das principais ruas da cidade, com imensos restaurantes e lojas, onde não falta a gaita de foles como som de fundo. Depois de almoçarmos na Bella Italia – Edinburgh Northbridge, seguimos até à Livraria Blackwell’s, que ficava a caminho do National Museum of Scotland. Este museu fez-me novamente lembrar do National History Museum de Londres, não querendo comparar as cidades, até porque, honestamente, não lhes encontro grandes semelhanças. Depois de um passeio pelo museu, caminhámos até ao Grassmarket e The Vennel Viewpoint, dois locais com uma vista fantástica para o castelo, desta vez do lado oposto ao dos jardins da manhã. De Grassmarket a Victoria Street – a colorida rua que dizem que inspirou a Diagon Alley de Harry Potter – são dois passinhos, por isso lá fomos para conhecer mais uma das icónicas ruas da cidade. Por falar em Harry Potter: não faltam referências aos livros espalhadas por Edimburgo, desde campas com nomes de personagens a lojas de “magia” que parecem saídas dos filmes. Seria difícil dissociar a cidade da saga, até porque dizem que a autora escreveu grande parte do primeiro livro num cafézinho no centro da cidade, que entretanto fechou.

Por fim, terminámos o dia na Calton Hill, de onde conseguimos ver toda a cidade. Edimburgo tem uma combinação de verdes e castanhos que lembra tempos históricos, até medievais. Parece que a modernidade se foi infiltrando na cidade sem destoar do passado, sem lhe tirar identidade, charme ou magia.

No segundo dia decidimos passar a manhã em Glasgow. O comboio de Edimburgo a Glasgow demora cerca de hora e meia, por isso fomos lá dar um saltinho. Não tínhamos grandes planos para a cidade – visitámos apenas os pontos principais, como George Square, Merchant City, Argyle Street e Central Station. Confesso que, antes da viagem, li algumas opiniões de que Glasgow não tinha grande encanto, o que, ainda que inconscientemente, acabou por sugestionar as minhas expectativas. Gostei mais do tempo que passámos a conversar no café da Waterstones, com vista para uma das ruas principais, do que propriamente do passeio pela cidade. No final das contas, Glasgow acabou por corresponder ao que eu esperava – uma cidade meio cinzenta, que nem surpreende nem desilude. Regressámos a Edimburgo ainda antes de almoço, para explorar o Water of Leith Walkway, a Dean Village e ainda a Circus Lane – são zonas ligeiramente mais afastadas do centro, que obrigam a uma caminhada mais longa, mas que trazem um outro olhar sobre a cidade. Houve quem recomendasse Arthur’s Seat e o Castelo de Edimburgo, mas decidimos deixar para uma segunda visita.

No terceiro e último dia, fizemos o que sempre fazemos nas nossas viagens – guardar as últimas horas na cidade para revisitar os locais de que mais gostámos e comprar os típicos souvenirs para recordação. Estes últimos dias de cada viagem são sempre tranquilos e demorados, como uma despedida feliz antes de regressar a casa. Edimburgo rapidamente se tornou numa das minhas capitais europeias preferidas, daquelas a que quero sempre regressar, a que digo sempre que sim. Na próxima viagem à Escócia, quero aventurar-me para lá das cidades e explorar o interior do país, especialmente as famosas Highlands. Bem sei que dizem para não regressarmos onde fomos felizes, mas eu cá acredito no contrário: que regressemos sempre, muitas vezes.

inesnobre
Um blog sobre o que mais me apaixona, como melhor me sei expressar - pela moda e pela escrita.

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