PESSOAL

Para 2024

Escrever sobre as minhas expectativas para 2024 no início de março parece-me quase anedótico, mas a verdade é que não houve grande espírito para o fazer antes. Janeiro foi um mês de muita exigência emocional, à conta de um susto com a minha avó. Fevereiro passou a correr, como de costume – começou com uma viagem a Amesterdão com as minhas amigas de infância e, quando regressei a Portugal, parecia que já metade do mês tinha passado; de lá até cá foram dois dias. Mas se há sítio onde posso ditar as regras é aqui mesmo, não é verdade?

Este ano será muito dedicado a um grande marco na minha vida e na do Bryan – a construção da nossa casa. Em meados do ano passado, começámos a pensar no assunto de uma forma mais séria; num piscar de olhos, já temos paredes, pilares, escadas. Bem sabemos que daqui até ao dia da mudança não será tão rápido assim, mas certamente continuará a ser muito divertido acompanhar o crescimento daquele que será o nosso lar. Na verdade, os muitos meses que temos pela frente nem me importam assim tanto, quando penso que será o tempo que me resta na minha casa, com a minha mãe. Estou muito entusiasmada pela construção, mas também triste por deixar o meu ninho, por isso este tempo será bom para fechar o capítulo sem pressas.

Para além desta grande novidade, não há muito mais a anunciar para 2024. O ano começou com viagens marcadas para duas cidades que conheço bem, mas a que gosto sempre de regressar. Uns meses depois de Amesterdão, o destino será Londres, para ver se convenço o Bryan de que a cidade tem muito mais para conhecer numa segunda – ou terceira, ou quarta, ou até décima – visita. Vamos precisamente na altura em que faz dez anos que lá fomos pela primeira vez, numa viagem de finalistas, o que traz um sentido especial à coisa. Começar o ano com umas quantas viagens marcadas dá-me ânimo e faz-me organizar os meses em que não há voos com mais ideias e planos, para, de certa forma, garantir que a diversão continua, por cá. Depois de uma temporada em que trabalhar significava andar de avião e, muitas vezes, sair dele rumo às cidades que vemos nos filmes, o que parece agora ter sido noutra vida, sinto que vou passar o resto do meu tempo à procura dessa sensação de que o mundo está à distância de um dia de trabalho. Não trocaria esse ritmo pelo que tenho agora, mas às vezes pergunto-me se será essa uma das minhas cruzes – a de, no passado, ter sentido que tinha o mundo a curta distância.

A cada ano que passa faço menos promessas. Não que não tenha sonhos, ou metas, ou planos que sei que quero cumprir; não que não sinta que o tempo passa e eu vou crescendo, arrisco-me a dizer progredindo até, num processo que só reconheço quando dou por mim a ser mais do que sempre soube que fui feita para ser. No entanto, recentemente descobri que retirar a pressão e a expectativa desnecessária das coisas liberta espaço para as poder apreciar como elas são. Descobri que a descontração, que não confundo com indiferença ou desapreço, pode mesmo trazer uma leveza que me leva a pensar como é que uma pessoa sobrevive anos à sombra de expectativas desmesuradas. Por isso, este ano decidi que, para além da casa e das viagens, não há grandes planos. Gostava de dedicar ainda mais tempo às pequenas coisas que trazem tanto significado à minha vida – passar tempo com as minhas pessoas, fotografar o que me rodeia, passear ora cá ora lá, descobrir novos restaurantes, e novas músicas, e novos livros, e novos filmes, ou séries, e escrever, muito, muito, muito.

inesnobre
Um blog sobre o que mais me apaixona, como melhor me sei expressar - pela moda e pela escrita.

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