Para Novembro ’20
Olá, novembro! Nem dei por chegares. Bem sei que desaprovei a demora de setembro, mas peço-te que não sigas os passos rápidos de outubro. Podes demorar o tempo que quiseres. És o último mês de outono – depois de partires, tenho de esperar todo um novo ano pelos tons de castanho nas folhas das árvores e pelos sabores dos alimentos da tua estação. Por isso, não tenhas pressa alguma. Gosto de olhar para ti como o mês que une duas das minhas fases do ano preferidas – a época outonal e a época natalícia. Nos últimos anos, guardo boas memórias de ti: há três anos começava a minha carreira, há dois anos conhecia as temperaturas baixas da Europa e há um ano descobria as ruas da cidade de que mais gosto, Nova Iorque. Este ano parece-me que não será possível ultrapassar a grandeza destes momentos, mas podemos dar o nosso melhor com o que temos em mãos. Queres saber o que espero dos teus trinta dias?
Os tempos dizem-me para não fazer grandes planos para ti. Por isso, vou esperar pelo que sei que posso contar – que parece tão pouco, ultimamente. Espero pelos teus dias de chuva, que compõem o cenário ideal para as minhas tardes de estudo e que fazem com que me sinta um pouco menos mal por não dever sair à rua. Espero pelos teus dias soalheiros também, que servem de desculpa a longas caminhadas à beira-rio. Espero pelas castanhas, pelos diospiros e pelas romãs, para me relembrarem das cores do outono nas cidades que não pude visitar este ano. Espero pelas luzes que anunciam a chegada do Natal, para me animarem a decorar a casa e a planear a noite mais especial do ano. Espero pelos novos livros que quero encomendar, pelas novas receitas que quero experimentar e pelos cremes da Rituals que guardo para usar nesta altura do ano. Espero, finalmente, por melhores notícias, para no próximo ano me lembrar de ti, novembro, como um mês que me fez dar ainda mais valor a sair de casa para apanhar um voo, para assistir a um concerto ou para, simplesmente, me reunir com as minhas amigas, para falarmos dos estranhos tempos que vivemos.
Novembro, estou muito contente por teres chegado.