Viagens | Memórias do Douro
Por esta altura, há dois anos, estava a conhecer o Douro. Não me canso de relembrar este fim-de-semana – um dos melhores de que tenho memória -, marcado pela tranquilidade da região vinhateira. Esta viagem rumo a norte entrou para o topo das minhas preferidas – e recordo-a com bastante carinho. Houve um brilho especial nas manhãs em que acordei por lá, com uma tímida luz ao amanhecer, que me despertou com aquela calma matinal de que tanto gosto. Lembro-me de apreciar a vista para as vinhas e os montes pela janela do quarto, de tomar o pequeno-almoço na maior tranquilidade com a piscina mesmo ao lado, de ler O Amor nos Tempos de Cólera no alpendre, de respirar o ar puro que não se encontra na cidade. Este ano, por força das circunstâncias que vivemos, muito provavelmente passarei as minhas férias pelo nosso país – por dentro, por cá. Enquanto não posso fazer as malas, vou recordando as minhas memórias daquele fim-de-semana maravilhoso, à beira Douro.
Sou alfacinha, de gema, de gema, de gema (e, com certeza, de ainda mais gemas que a minha árvore genealógica não me permite descobrir). Os meus pais, os meus avós e os meus bisavós nasceram e cresceram em Lisboa. Por esta razão, não conheço o conceito de passar uns dias “na terra”. O que mais me aproxima dessa sensação de pertencer a um segundo lugar, que não a minha cidade, encontra-se muito a sul, numa pequena vila no nosso Algarve. Passo os meus verões por lá desde que me lembro – e é o único lugar, para além de Lisboa, onde me sinto verdadeiramente em casa. Tenho imensas memórias das minhas temporadas no Algarve – passava os três meses de verão com os meus quatro avós, na nossa casa de férias, mergulhada numa quantidade de miminhos que me tornaram na criança mais feliz do mundo. Esses verões são das minhas melhores recordações de infância – e gostava de, um dia, partilhar algumas histórias desses tempos por aqui. Por todas essas memórias, aquela casa – e aquela praia, e aquelas ruas – continua a ser o meu lugar especial, a muitos quilómetros da minha cidade. Pelo contrário, o meu namorado tem as suas raízes longe da capital – bem perto do Douro, por sinal -, o que levou a que, a pouco e pouco, começássemos a conhecer mais do Norte do nosso país. Uma das nossas primeiras viagens aconteceu há precisamente dois anos, rumo ao Douro.
Lembro-me de que, no dia em que partimos para cima, recebi a confirmação de que passei em todas as fases de recrutamento para assistente de bordo, o que contribuiu para que o fim-de-semana se tornasse ainda mais especial. Guardo as memórias dos nossos dois dias pelo Douro com muita saudade. Soube-me mesmo bem relaxar depois de semanas de bastante ansiedade e, de certa forma, quando olho para trás, percebo que aquela viagem teve ainda mais significado do que, na altura, reconheci – como uma despedida da estabilidade a que estava habituada e o abraçar de uma nova fase que estava por chegar (e pela qual ansiava há algum tempo).
Nestas viagens mais calmas, para saborear o vagar dos dias, sem grandes pontos turísticos a ver, o lugar que nos acolhe pode transformar completamente a experiência – e eu adorei a nossa escolha, que tão bem nos recebeu. Ficámos hospedados na Casa da Quinta de Vale D’Arados, em Mesão Frio. Correspondeu (e bem!) às minhas expectativas para o nosso fim-de-semana no Douro: uma quinta grande, de turismo rural, rodeada de vinhas, para descansar a mente, acalmar o coração (que andava bem desinquieto!) e admirar a beleza à nossa volta. Todas estas fotografias – à exceção da última, de onde se vê o rio – mostram as vistas deslumbrantes da Quinta. Gosto muito de recordar esta viagem: conduz-me, de certa forma, para um estado de tranquilidade e de serenidade que predominou durante aquele fim-de-semana. Quero muito regressar, para (re)viver mais dias de tamanha paz.
Decidi partilhar algumas memórias destes dias no Douro, pela ocasião dos dois anos que passaram desde este fim-de-semana tão especial. Confesso que adoro escrever estas partilhas, porque me fazem recordar – e há algo melhor do que relembrar memórias de viagens que nos fizeram felizes? Dei por mim a procurar fotografias, a conversar com o Bryan sobre aqueles dias e a agradecer – agora, mais do que nunca – pela imensa sorte que tenho em conhecer tantos lugares incríveis, tanto por cá como para lá das fronteiras. Gosto muito de ir. E também gosto muito de regressar – ao Douro, em breve. Quero começar a partilhar mais memórias de viagem por aqui – muito mais do que fotografias e vídeos, as minhas principais recordações por este mundo fora são de imagens e conversas que nem sequer passaram pela lente da câmara e que, por isso, apenas posso partilhar por palavras. Gostam deste formato? Quais as vossas memórias preferidas de viagem?