Aos meus 21
escrito em agosto de 2017
Comemorei, há uns dias, 21 anos. Pela primeira vez, decidi passar o meu aniversário de uma forma muito discreta – até tirei a data do facebook – e, acreditem, soube incrivelmente bem viver este dia longe do online. Esta pequena decisão fez-me pensar no quanto a minha postura face à esfera digital tem mudado e, por isso, deixo-vos uma mensagem à altura da ocasião, a contar-vos o que se passou nos últimos dois anos desde que comecei a escrever online.
Lancei este blog há menos de dois anos – na altura, 21st Avenue -, no sentido de elaborar um espaço online no qual pudesse partilhar os meus pensamentos sobre temas interessantes para mim, especialmente no campo da moda. Levava este projeto como o hobby que era – e que continuará a ser – e estava genuinamente feliz e descontraída com o conteúdo que publicava. Sempre soube o que queria com este cantinho: passar as minhas ideias para o papel (e para o computador). Na esperança de inspirar alguém, como algumas bloggers me inspiraram a mim com as suas partilhas, pareceu-me uma boa altura para arriscar a fazer o mesmo. Um projeto genuíno, descontraído e bem-intencionado tem, para mim, mérito pela sua génese em si, especialmente num mundo em que surgem cada vez mais blogs na procura pela popularidade.
Um ano depois, deixei que a pressão pelo alcance de alguma aceitação neste meio me levasse a descontração com que sempre encarei o blog – sem grandes compromissos, sem grandes expectativas. Como seguidora de blogs de moda, comecei a percecionar o sucesso online como uma equação de fotografias deslumbrantes e estilos de vida inalcançáveis, subtraindo cada vez mais as palavras, de que tanto gosto. Paralelamente, como aluna de comunicação, deparei-me com infinitas regras para uma boa presença online, que fazem com que este lado pareça um difícil desafio. Pessoalmente, como jovem com ideias e opiniões próprias, encontrei-me numa transformação fundamental no meu pensamento e na minha postura perante uma grande variedade de aspetos – entre eles, a presença online -, que me trouxe até de onde vos escrevo agora.
Não gosto da sensação de necessidade de partilhar cada momento nas redes sociais, especialmente os mais pessoais – acredito que, como li há uns dias, “o offline é um novo luxo”. Consequentemente, começaram a surgir algumas questões acerca do propósito do meu blog – “conseguirei manter o equilíbrio na minha presença online sem me sentir na obrigação de partilhar também o que gosto de guardar para mim”?, “conseguirei corresponder às expectativas de conteúdo das(os) leitoras(es) de blogs“?, “conseguirei criar um projeto que assuma um propósito importante e necessário, não sendo apenas um blog com mais do mesmo”? No meio destas inquietações, cheguei a uma conclusão: a descontração com que comecei a escrever sobre os temas de que mais gosto, em finais de agosto de 2015, torna este blog num espaço tão meu, tão próprio, tão leve – só pode, por isso, ser o caminho a seguir.
Sempre dei mais importância a comentários de amigas(os) ou conhecidas(os) sobre os meus posts – e ainda me surpreendo quando alguém diz que acompanha o blog, que se identifica com o que eu escrevi ou que simplesmente gostou de um post em específico. Inspiro-me – e espero sempre inspirar-me – em pessoas autênticas, sem receio de partilhar as suas vulnerabilidades, no limite do que sentem confortável. Por isso, deixo-vos uma frase que encaixa no que vos quero transmitir com este post – “I’m not trying to get validation, nor do I need it anymore”. Esta validação, ou aceitação, foi a mesma que senti que precisava de ter, quando deixei que a descontração deixasse de ser a palavra de ordem. Gostava de que esta simplicidade, esta leveza, de levar as coisas ao seu próprio ritmo se revelasse na minha e na vossa experiência daqui em diante com o blog. Vamos a isso?
Que não precisemos de nos diminuir enquanto jovens dotadas(os) de sensibilidade e inteligência para cabermos nos padrões que nos são impostos – muitas vezes, por nós mesmas(os). Que continuemos a aproveitar a liberdade que tomamos como tão garantida para evoluirmos como jovens nesta sociedade que ainda está a explorar os efeitos do meio online e que, simultaneamente, absorvamos o melhor do que tem para oferecer, sem destruirmos autoestimas nem alimentarmos egos. Que nos deixemos inspirar por histórias reais de pessoas que não têm medo de ser quem são – com toda a genuinidade e autenticidade que tal requer.