Gosto muito de começar o ano com um novo compromisso comigo mesma, com novos propósitos e novas expectativas, que se tornam mais realistas a cada ano que passa. Este mindset de viragem de página sempre me trouxe tranquilidade e, acima de tudo, esperança de que os próximos doze meses venham recheados de boas surpresas. Este espírito de novo ano, novas oportunidades parece inocente, especialmente se pensarmos que pouco muda para além da data do calendário, mas sinto que me transmite uma energia de recomeço com uma magia diferente do que a de qualquer outra data do ano.

Já partilhei que gosto muito de olhar para dentro – onde estou, onde quero estar, o que está bem, o que está menos bem, o que devo manter, o que devo melhorar. Sinto necessidade de me recentrar mais do que uma vez ao longo do ano, mas há duas ocasiões em que este processo de reflexão ganha mais significado para mim – no meu aniversário e no fim do ano. São dois momentos – curiosamente, em duas estações diferentes, no verão e no inverno – em que dedico algum tempo a pensar em todas as áreas da minha vida, de família a relações, de trabalho a hobbies, para conseguir organizar-me no tempo e no espaço. Gosto mesmo muito deste processo, porque me permite questionar, desconstruir e, acima de tudo, aproximar-me da minha melhor versão. Desde que comecei a fazer esta reflexão consigo visualizar muito melhor os últimos anos da minha vida – os melhores momentos, os menos bons, os mais decisivos, os mais desafiantes – e reconhecer o meu próprio desenvolvimento. Parece meio romântico, mas sinto que me faz muito bem.

Depois de fazer um balanço sobre 2021, percebi que as minhas resoluções para 2022 em pouco diferem das que pensei para o ano passado. Para este novo ano, resumi as minhas resoluções a: cuidar de mim, estar presente, fazer mais viagens, ler mais livros, ser mais consistente no blog/instagram. Depois, enumerei ao detalhe o que cada resolução significa no meu dia-a-dia – só as duas primeiras, por exemplo, multiplicam-se em mini resoluções -, para perceber quais os pequenos passos que preciso de dar para cumprir estes objetivos que, apesar de aparentemente simples, são uma grande base para meu bem-estar. Bem sei que se associam as resoluções de ano novo a importantes conquistas como “aprender uma nova língua” ou “comprar uma casa”, mas desde há uns tempos para cá percebi que qualquer um desses objetivos está num campo diferente, como uma “lista de resoluções de vida”, e que, por isso, acontecerão de uma forma natural que apenas será possível se a minha base, como cuidar de mim e estar presente, estiver garantida.

Lembro-me de escrever que 2019 seria um ano de viagens, de amor, de cuidado – no sentido de caring – e que 2020 seria um ano de reencontro, de dedicação e de calma. Não me lembro de escrever para 2021 – na verdade, não me lembro de sentir este ponto de viragem o ano passado, daí nem ter, com alguma pena, escrito o resumo de 2020 e expectativas para 2021. Espero que 2022 possa ser um ano de equilíbrio, de felicidade e de liberdade – um ano de tranquilidade nos meus dias, de bons momentos e ainda melhores surpresas pelo caminho e de mais oportunidades para conhecer o mundo novamente.

Sou a única com a sensação de que os últimos dois anos foram os mais longos e, ao mesmo tempo, os mais rápidos de sempre? Por um lado, sinto que só agora me consigo libertar de alguns medos que estes dois anos me trouxeram, depois de um longo período de restrições – ainda no outro dia, em conversa com as minhas amigas, nos confundimos com três em vez de dois anos de pandemia -, mas por outro lado recordo-me tão bem de março de 2020 que parece que foi assim há tanto tempo. Consegui encontrar-me no início deste novo ano com a mesma disposição em que estava no início de 2020, o que me parece um bom presságio para que 2022 se revele um ponto de viragem de que estou mesmo a precisar – e não estamos todas(os)? Espero que este ano vos surpreenda da melhor forma possível! Quais as vossas resoluções para 2022?